sábado, 4 de setembro de 2010

Dois mundos em um só planeta



Olá humanos!

Queria começar esse post com uma pergunta: vocês gostam da liberdade?

Eu, particularmente, a adoro. E acredito que boa parte de vocês dirão o mesmo. A liberdade de credo, de expressão, de escolha, de ir e vir, de amar a quem quiser. Enfim, a liberdade de uma forma geral. É delicioso ser livre.



A diferença, caros habitantes deste planeta enfermo, é que a liberdade, como a conhecemos, é um valor NOSSO. É um conceito que nós crescemos sabendo. Que desde que éramos pequeninos, sabemos o que significa ser livre, no sentido legal da palavra. E por que eu digo que é um conceito NOSSO? Pelo simples fato de que nem todos no mundo conhecem a palavra "liberdade" com a amplitude com que nós o fazemos.



Praqueles que estiveram passeando em Vênus nos últimos dias (é um planeta cheio de mulher, vale a pena conferir), há um caso que está balançando a comunidade internacional. No Irã, Sakineh Mohammadi Ashtiani, iraniana de 43 anos, mãe de dois filhos, foi condeanada à morte por lapidação (apedrejamento), por ter mantido relações com dois homens, fora do casamento. Em 2007 ela recebeu as famosas 80 chibatadas, pelo mesmo "crime". Bem, na cultura islâmica trair é um crime. De acordo com os valores daquele povo, Sakineh "merece" morrer por que é uma criminosa. Já parece absurdo por isso, mas consegue ficar pior, sabem por quê? Porquê Sakineh não traiu seu marido. Ela é viúva. Ela teve dois namorados, após a MORTE de seu marido. Isso é adultério para eles. Por conta disso, a pobre mulher está sentenciada.

Sakineh Mohammadi Ashtiani


Sabemos que cada país é soberano em suas ações, e não há nada que os outros possam fazer para mudar uma decisão como essa. Só implorar pela piedade do governo iraniano. Lula ofereceu asilo a Sakineh, em terras tupiniquins. Carla Bruni, primeira dama francesa, mandou uma carta à imprensa intercedendo em favor da mulher (detalhe: ela foi chamada de prostituta, por um aiatolá, depois dessa atitude). A secretária de estado dos EUA, Hillary Clinton, pediu que o governo iraniano considerasse a proposta de asilo feita pelo Brasil. Ou seja, o mundo ocidental não se conforma com tal atrocidade. E é aí que está o problema.

Irã


O mundo ocidental diverge em muitos aspectos do oriental. A liberdade é um deles. Nosso planeta segue na mão do progresso, mas os países do oriente parecem ir na contramão da civilização. Prova disso é o apedrejamento de pessoas, uma punição dos tempos de Jesus Cristo, sendo utilizada em pleno século XXI. Isso me revolta profundamente. Me revolta sermos obrigados a aceitar a soberania de um país acabar com 3 vidas (tô contando com os filhos dela) em nome de uma fé preconceituosa e arbitrária. Uma fé carrasca, carcerária, que pune a liberdade de viver de seus seguidores. Uma fé impiedosa. A soberania de um estado não pode ficar acima da soberania do direito à vida e à dignidade, inerente a todos os seres humanos.

Pena capital por apedrejamento no Irã


O mundo ocidental tem problemas mil, mas não podemos dizer que não temos nosso livre arbítrio assegurado. Assegurado pela lei, pelo governo. Somos racistas e preconceituosos, mas sustentamos uma imagem (hipócrita) de tolerância, pelo fato de que a Constituição garante a liberdade de ser diferente.
A homossexualidade é odiada por alguns, a sociedade torce o nariz para casamentos inter-étnicos, viram o rosto para ateus e veem com maus olhos um casal de idades muito diferentes. Mas não há nada que se faça. Temos que aceitar. Precisamos aceitar que o mundo não é padrão. E nesse aspecto podemos dizer que nosso estado é superior. Você pode ir aos EUA, à França ou ao Brazil. Discriminação é crime.

Vivemos em dois mundos diferentes, no mesmo planeta. Basta cruzar o meridiano de Greenwich para adentrar uma realidade totalmente díspar da nossa. Valores que talvez ignoremos por completo. Não vou dizer que lá é pior ou melhor. Não existe cultura pior. Mas eu cresci dentro de uma cultura que respeita a vida e a liberdade, e que não acredita que uma mulher deva morrer por um suposto adultério.

Humanos em geral não são boas criaturas. Mas nem por isso merecem morrer. E pela liberdade de amar, muito menos.



Reflitam, comentem, critiquem, concordem, xinguem ou simplesmente digam "olá". Agora não tem mais burocracia pra fazer comments. Todo mundo liberado!!!

Fico por aqui. Ósculos e amplexos.

ps1: Tenso esse post não é?

ps2: Escrevi esse post ao som do álbum "Polisenso" da banda carioca Forfun. É uma das minhas favoritas. Vale a pena dar uma ouvida. =)

XD

Assuntos do post:

#Liberdade
#Apedrejamento
#Irã
#Ocidente
#Oriente
#SakinehAshtiani

4 comentários:

ML disse...

por que vc escreve brasil com z em todos os posts? (na verdade pelo menos dois que eu vi) isso doi no coração.. mas tirando esse detalhe, ta mto bom o post do irã, mesmo (:

Lipe disse...

Caro ML, eu escrevo Brazil, sim em todos os meus posts, pq eu achei essa uma forma de satirizar a conduta do Brasil e de seus brasileiros, ainda presos em muitos dos preconceitos e conceitos do passado, um passado onde o Brasil era escrito com "z". É só uma ironia. =)

Anônimo disse...

João 8

"Jesus, porém, foi para o Monte das Oliveiras.

E pela manhã cedo tornou para o templo, e todo o povo vinha ter com ele, e, assentando-se, os ensinava.

E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério;

E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando.

E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?

Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.

E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.

E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra.

Quando ouviram isto, redargüidos da consciência, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio.

E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?

E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais."

Anônimo disse...

Realmente muito bom este post sobre o Irã; e chega a ser indignante um País ser totalmente manipulado pelo dogma. Diosley