sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Bom mesmo era o tempo do...




Olá humanos!

Vou escrever hoje sobre música. Sim, vou diversificar os temas um pouco. Política e religião deixam o blog com um ar bem pesado, não acham? Pois bem. Deixemos as coisas mais coloridas, por assim dizer.

Ontem houve o VMB  (Vídeo Music Brazil), o evento de premiações da música brasileira promovido pela MTV Brasil (que esse ano completa 20 aninhos de vida). Com apresentação de meu querido (e hilário)  Marcelo Adnet. E o twitter tava fervilhando de comentários sobre a comemoração. 

A banda Restart foi indicada a cinco prêmios e levou todos. Nada surpreendente, se levarmos em conta o sucesso que o grupo vem fazendo desde o ano passado, principalmente entre o público pré-adolescente (aquelas menininhas de 13 ou 14 anos histéricas). 

Restart

Surpreendente mesmo foram as reações do público durante os prêmios. Como bom observador que sou, percebi que os comentários seguiam uma linha bastante "agressiva". Os jovens que não gostam do Restart pareciam revoltados. As frases de ódio que pululavam me deixaram pensativo. Foi fácil perceber que a juventude brasileira está seguindo uma tendência homogênea de odiar. É preocupante como os jovens parecem crescer com tanto ódio e preconceito com aquilo que é diferente, ainda por cima no século atual. 
O grupo Restart foi xingado de ridículo, vaiado e são altamente criticados por uma parcela dos jovens um pouco mais velha - entre 16 e 20 anos - que se mostram muito mais "cultos" porque exaltam ídolos da música do passado, tais como Renato Russo, Cássia Eller, Cazuza, Chico Science, entre outros. É inegável o talento e qualidade musical desses que eu citei, mas querendo ou não, eles já se foram e há a  hora de renovar. Sempre é hora de renovar. Entendam que eu não estou defendendo ninguém, estou apenas levando a questionamento esse movimento dos adolescentes em alimentar um ódio excessivo contra bandas que nada mais são do que produto de uma sociedade. De uma nova sociedade. Já explico.

Legião Urbana

Cazuza

Todo movimento cultural e artístico, seja ele da música, do teatro, da pintura ou do cinema, todos os movimentos das artes e da cultura, no mundo, são motivados por um período histórico. São reflexos da sociedade e ninguém parece reconhecer isso. Se ontem o movimento histórico tornou propício o surgimento de Legião Urbana, hoje ele propiciou o surgimento do Cine. E daqui a dez anos provavelmente vai surgir uma banda ou cantor que será alvo de críticas ferrenhas, só porque nós (no tempo atual) estávamos acostumados com bandas do nosso tempo. 

Chico Science

Vejam bem. Lembram quando surgiram Fresno e NxZero? Foram apedrejados ideologicamente. Os dinossauros da música surgiram pra detrair sem descanso as bandas novas que estavam aparecendo. Isso foi em 2006. Alguém hoje fala deles? Talvez um ou outro. De todo modo, deixaram de ser o principal alvo das críticas dos "cultos" profundos conhecedores da arte musical e entraram no rol das bandas que são de certa maneira, bem aceitas. E agora temos as bandas coloridas.

Cássia Eller

Engraçado é ver os argumentos de quem fala mal. Ontem eu li: "na época dos nossos pais tínhamos Iron, Kiss e ramones, nem se comparam". Óbvio que não se comparam. Nem de perto há como se comparar. São épocas diferentes, momentos sociais TOTALMENTE diferentes e absolutamente não cabe comparação. Gostaria de citar também ótimos cantores como Pink Floyd, Led Zeppelin e The Beatles, Elvis e Doors. No Brasil, tínhamos Legião Urbana, Cazuza e o Aborto Elétrico. Ninguém pode negar que os caras são geniais e mesmo estando fora do nosso planeta, ainda são cultuados como lendas da música pela grande contribuição que deram. E exatamente por serem geniais, os jovens "cult" do nosso país e do resto do mundo querem por toda a força cultuar os antigos em detrimento dos novos. Hoje em dia é cool citar Jimi Hendrix e falar mal do Justin Bieber. Ás vezes eu tenho vontade de perguntar se a pessoa que fala tão mal dos novos cantores, sabe em que tipo de sistema os antigos geniais buscavam inspirações pras suas letras geniais. Muitos não vão nem responder porque simplesmente não sabem. Eles só sabem gritar: "RESTART É UMA MERDA! JUSTIN BIEBER É UMA MERDA! BOM ERA NO TEMPO DOS BEE GEES!" Agora cite uma música dos Bee Gees, por favor. Um outro disse que o Brasil era um país sem cultura. E outro ainda falou que bons tempos eram os que a MTV tinha artistas de verdade. Acho que em 2030 meu filho vai dizer: " Bons tempos eram quando o Restart tocava no VMB." E pro ignorante que falou da falta de cultura do Brasil, devia lembrá-lo de que isso também é cultura. E agora faz parte da cultura do Brasil.

Pink Floyd

Doors

No tempo em que o Rock n' Roll surgiu como uma força de mudança social, meus avós falaram muito mal da música "da nova geração", alegando que bom mesmo era a Jovem Guarda. E o Oscar Niemeyer deve gostar do canto gregoriano, provavelmente. Ou d'A Internacional. Nem com todas as críticas dos antigos, o Rock, como o conhecemos hoje, deixou de imprimir sua marca na história. Woodstock nos provou isso. Os Punks eram a escória da sociedade. Usavam cabelos extremamente fora dos moldes sociais e coloridos. COLORIDOS?? Sim, os punks pintavam seus cabelos de rosa, verde-limão, laranja e azul. E alguns usavam calças berrantes cheias de cor. Aliás, as críticas às calças coloridas são as melhores, na minha opinião. Até porque, até onde eu sei, usar uma calça roxa ou laranja não é errado, nem mesmo crime. Isso só mostra que ainda somos uma população com mentalidade neanderthal.  
Ainda somos preconceituosos e rejeitamos tudo aquilo que sai do convencional. Da mesma maneira que os velhos criticaram os punks e os hippies nos anos 80. Gente cheia de cor. Irônico não? Queremos ser tão modernos e acabamos repetindo as atitudes mais arcaicas daqueles que tanto chamamos de retrógrados. 

Hippies (super coloridos)

Punks (cheios de cor também)

O fato é que: existe O Tempo. E ele passa. E com o passar do tempo as coisas mudam. Vê-se que o jovem do Brasil tá revoltado, com as calças coloridas e com as bandas novas. Eu realmente queria ver toda essa revolta voltada para o que é importante. Queria ver tanta gente que se junta pra reclamar do Cine, ir lá pra frente do Congresso reclamar das pessoas que tornam nosso país motivo de lástima. Não é o Restart que faz mal ao país queridos. É a bandalheira que corre solta com o dinheiro público. Mas isso não é importante. Importante vai ser o dia em que um deputado aparecer de calça vermelha. Aí vai ter protesto dia e noite até que o homem seja caçado. Enquanto isso outro deputado passa de terno com dinheiro enfiado no rabo. Mas aí tudo bem, a calça é cinza.

Cine

Como disse uma amiga minha: "crescemos sob o signo da Xuxa, da Angélica e da Eliana e não sou uma débil mental. Minha mãe cresceu sob o signo do Balão Mágico e dos Menudos, mas nem por isso deixou de ser uma grande mulher. Meus filhos crescerão sob o signo do Restart e serão tão capazes quanto todas as outras crianças do mundo."

Queridos fico por aqui. Vamos tirar esse ódio do coração e ver as mudanças como um processo natural. Porque vai ser sempre assim. Abaixo o preconceito.

Ósculos e amplexos a todos. 

P.S: Bom mesmo era na época de Mozart. Essa geração de agora é uma merda. #fikdik

Mozart

P.S 2: Antes que pensem que eu fiz esse posto porque eu sou fã da banda, só vou lembrar que defender os direitos de expressão de alguém é bem diferente de ouvir no meu iTunes ok?

Assuntos do post:
#Música
#Preconceito
#Restart
#Anacronismo
#Mudanças
#Ódio
#JuventudeBrasileira
#Bom mesmo era o tempo...

2 comentários:

brasiliabrasilia disse...

Lipe,

adoro rip, adoro punk, adoro rock nacional ( Renato e Cazuza), agora gosto mais de Restart. Por suas cores? Só por isso já vale a pena!

Priscila disse...

virou modinha criticar modinha.
irônico.